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  • Publicado em: 23/05/2019

Em Joinville, com sua colonização predominantemente alemã, quase não se fala sobre o papel da população afrodescendente na colonização da cidade, tampouco sobre suas tradições, memórias e cultura. Relatos históricos comprovam a utilização de mão de obra escrava na construção da então Colônia Dona Francisca.

Com a abolição do sistema escravista de trabalho no Brasil, em 1888, a comunidade ex-escrava foi lançada às margens da sociedade e se agrupou em comunidades remanescentes de quilombos em locais mais isolados. Quando se fala em Quilombo, os esconderijos criados por escravos fugitivos na época do Brasil Colônia, imagina-se algo que acabou junto com a escravidão, porém muitas destas comunidades passaram gerações resistindo ao peso do tempo, e ainda existem atualmente.

Em Joinville temos a comunidade Beco do Caminho Curto, no Distrito de Pirabeiraba, que são remanescentes quilombolas e ainda vivem à margem da sociedade. Até hoje a localidade se depara com a falta de saneamento básico, energia elétrica e a escassez de horários do transporte público que dificultam uma rotina de trabalho e estudo. Apesar disso, os moradores mantém uma ligação sentimental com passado e se sentem acolhidos e protegidos pela comunidade e suas tradições.

 

Contudo, os descendentes desta população receberam uma boa notícia, uma portaria da Fundação Cultural Palmares (FCP) publicada dia 10.05.19 no Diário Oficial da União, certifica a comunidade como quilombola. Esta certificação amplia, ampara e valoriza o patrimônio cultural brasileiro e afro-brasileiro despercebido e desperdiçado.

 

Com a intenção de entender, levar oportunidades e melhorias para essa comunidade a Univille, em parceria com os professores Tales Vicenzi (História), Sirlei de Souza (Direito) e Jonathan Prateat (Publicidade e Propaganda), criou o Projeto Caminho Curto, que acontece desde 2018, promovendo atividades e oficinas envolvendo assuntos como direitos humanos, debates pertinentes às populações afrodescendentes, bem como direitos ligados à terra, saúde e educação e foi fundamental no processo de certificação da comunidade como quilombola.

Foi no envolvimento com este projeto que o fotógrafo Roy Schulenburg se deparou com As Crianças do Caminho, título de sua primeira exposição.

Mesmo sabendo que uma pessoa branca nunca vai compreender legitimamente o racismo, Roy entende que precisamos encontrar caminhos para discutir a estrutura racial enraizada em nossa sociedade, para isso é preciso ouvir, entender o que é lugar de fala e fortalecer o processo de empatia. Só assim podemos vislumbrar e contribuir para um futuro de igualdade e antirracista.

E é exatamente sobre o futuro que Roy quer falar com sua exposição “Crianças do Caminho”, o olhar puro das crianças que vivem nesta comunidade, traz esperança de um mundo melhor, é por essas crianças que a sociedade precisa rever padrões e não diminuir a dimensão dos problemas raciais e a falta de consciência humana que ainda vivemos até hoje.

É preciso olhar para si mesmo e entender seu lugar na sociedade e buscar conhecimento sobre educação racial e os reais impactos a sua volta.

 

Sobre o artista

 

Roy Schulenburg tem 35 anos, nasceu em Florianópolis, mas vive em Joinville faz bastante tempo. É formado em design, especialista em design gráfico e estratégia corporativa, e mestre em design. Sempre gostou de experimentar: já trabalhou com graffiti, colagem e agora se dedica a fotografia e videografia. Gosta de fazer trilhas, viajar e vê a fotografia como um meio para se expor a coisas novas, aproveitar experiências novas, através das lentes das câmeras. Atualmente, trabalha como professor no ensino superior, lecionando nos cursos de Design, Fotografia, Engenharia de Software, Sistemas de Informação e nas especialiazações em Business Design e UX Design.

Com curadoria de Marc Engler, a exposição CRIANÇAS DO CAMINHO fica em cartaz na Galeria de Arte Garten de 22 de maio a 02 de julho.

 

Agende-se

 

O QUE: Exposição de arte “Crianças do Caminho”, do artista visual Roy Schulenburg

ONDE: Garten Shopping (em frente a Alô Bebê)

QUANDO: Abertura 22 de maio às 19:30h, visitação de 22 de maio a 02 de julho de 2019 de segunda a domingo das 10h às 22h.

CONTATOS:  (47) 9109-9958 ou roy@royzera.com.br Roy Schulenburg, (47) 99917-0067 ou marc.engler.arte@gmail.com (Marc Engler)

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