“Pintar em uma tela era meu sonho de infância”: artista de Joinville que teve câncer de mama transforma arte em ação pelo Outubro Rosa

“Pintar em uma tela era meu sonho de infância”: artista de Joinville que teve câncer de mama transforma arte em ação pelo Outubro Rosa

A Exposição Arte e Esperança - o valor da generosidade arrecada valores para a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville

 

Renata Féo Bozza tinha 33 anos quando recebeu a notícia de que estava com câncer de mama. A coordenadora de marketing viu sua vida se transformar em pouco tempo.  Na arte, encontrou o refúgio necessário para enfrentar aquela situação difícil e, de forma inspiradora, converteu esse refúgio em uma ação em prol a pessoas que vivenciaram ou estão vivendo experiências semelhantes.

Assim, após uma conversa com a professora e artista plástica, Denise Schlickmann, em seu ateliê, surgiu a Exposição Arte e Esperança - o valor da generosidade, em prol do Outubro Rosa.

 

A descoberta do diagnóstico

Exames de rotina faziam parte da vida de Renata. Desde os 27 anos fazia acompanhamento com o mastologista, em um nódulo que tinha na mama esquerda. Após uma dessas consultas, começou a sentir uma dor constante na mama direita.

“No início eu achei que talvez eu poderia ter me machucado durante o exame, mas aquela dor não parava. Após alguns meses eu retornei ao médico e falei sobre a dor. Ele me alertou que não era normal, mas que ia me dar um antiinflamatório e pediu para eu retornar em 10 dias.” 

Durante esse período, algumas coisas aconteceram,  uma delas foi que Renata contrariou COVID-19, o que fez com que esse retorno demorasse um pouco. 

Quando ela conseguiu voltar, o médico realizou o exame na mama direita e encontrou um "pontinho" que o chamou atenção, portanto, solicitou uma biópsia. Em maio de 2021 ela recebeu a notícia: estava com câncer de mama. 

“O sentimento de ouvir o médico te falando isso é indescritível, até hoje não encontrei uma palavra que explicasse o que senti naquele momento”, compartilha.

Apesar dos sentimentos confusos, Renata sempre se caracterizou como uma pessoa sistemática. “Claro, o diagnóstico abala a gente, mas eu sou assim: olho para o fato e penso no que eu tenho que fazer a partir de agora.”

Foi quando ela perguntou ao médico sobre o que ela deveria fazer. O médico então a solicitou mais alguns exames e elaborou o protocolo de tratamento. No caso de Renata foi necessário a cirurgia e após isso, as sessões de quimioterapia. 

 

Uma notícia que a abalaria: o diagnóstico de sua irmã

Renata, que já havia passado pela cirurgia, iria iniciar suas sessões de quimioterapia. Entretanto, um dia antes de iniciar as sessões, outra notícia a abalaria: sua irmã também havia sido diagnosticada com câncer de mama.

“Escutar a notícia que a minha irmã também estava com a doença me abalou muito. Eu iria iniciar minhas sessões de quimioterapia no dia seguinte, mas pedi para remarcar”, relembra.

Foi um período difícil para ela e sua família. Mesmo assim, as duas irmãs resolveram encarar de frente e enfrentar a situação juntas. 

“Nós marcamos de raspar os cabelos juntas. Fizemos daquele momento, um momento de apoio e acolhimento. Lembro que rimos muito, nos emocionamos, choramos juntas, mas estávamos ali, uma pela outra. Assim, passamos por isso de uma forma muito mais leve”, disse Renata.

 

O resgate do sonho

Durante o tratamento das irmãs, a família se via em conversas profundas, a fim de compartilhar sentimentos e memórias. Em uma dessas conversas, Renata relembrou um sonho de infância: pintar em uma tela.

“Eu sempre quis pintar em uma tela, era meu sonho de infância, então durante uma das conversas com minha família, eu tive um estalo e pensei: a vida está passando e eu nunca realizei isso."

Foi quando ela resolveu que iria resgatar esse sonho. Ela conheceu o Ateliêr Denise Schilikmann e começou a frequentá-lo. Segundo ela, a arte era seu grande refúgio. Quando pintava ela esquecia que estava com câncer.

“Quando você recebe um diagnóstico desses, é difícil você não pensar na doença. Mas enquanto eu estava pintando, eu conseguia até esquecer. A arte, talvez por ela ser intangível, faz você se conectar com você mesmo de uma maneira fácil e sensível”, relata. 

 

Transformando a arte em ação

O significado que a arte trouxe para a vida de Renata, foi transformado em uma ação em prol de outras pessoas que também passam pelo que ela passou. Conversando com a artista plástica Denise Schlickmann, professora do ateliê, elas resolveram criar a Exposição Arte e Esperança - o valor da generosidade, em prol da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville.

Segundo Denise, em seu ateliê, tanto alunas quanto pessoas relacionadas ao trabalho do ateliê vivenciaram o câncer de mama. 

“É uma realidade muito dura que deve ser enfrentada com muita garra, fé e com a empatia dos familiares e amigos. A arte tem uma função também social e cultural que vai muito além da expressão artística. Manifestar-se em prol de uma causa tão importante é valorizar a vida”, compartilha Denise.

As obras expostas possuem um padrão de tamanho de 60 x 80 cm e refletem um olhar sensível e profundo sobre a esperança e generosidade. As pinturas, obra de 18 alunas do ateliê, estarão à venda e todo o dinheiro arrecadado será revertido para a Rede Feminina de Combate ao Câncer.

“As artes remetem ao universo feminino, sendo expressadas em forma de cores, paisagens abstratas, figurativos femininos e florais”, conta a artista plástica Denise Schlickmann. 

Com a arte e a realização de um sonho de infância, Renata também leva consigo algumas lições de vida. A primeira é que, nem tudo está sob seu controle. 

“Hoje não é que eu não gosto de me planejar, eu ainda tenho essa essência, mas tem coisas que a gente tem que evitar sofrer por antecedência. Não adianta eu sofrer agora se eu não tenho certeza do que vai ser amanhã”, relata.

E outra foi que o tempo que temos é muito precioso e ele deve ser aproveitado e valorizado. Ela enxerga a vida e o envelhecimento como um privilégio. Hoje Renata relatou que viaja muito mais, aproveita mais e busca criar memórias, que antes não dava tanta importância. 

“A conclusão que eu sempre chego é que a vida é como se fosse uma ampulheta. O grãozinho está caindo e é esse o tempo que a gente tem. Há aquelas pessoas que não caem muito e que acabam indo mais cedo, já tem aquelas que tem a felicidade da areia quase acabar. Então, esse foi um processo doloroso, mas que me fez enxergar muita mais a vida, a beleza, os detalhes que nos cercam", ressalta.

A obra criada pela Renata, juntamente com outras criações das alunas do ateliê Denise Schlickmann, estão disponíveis para apreciação e aquisição durante todo o mês de outubro, no espaço Garten Cultura, localizado no Garten Shopping.  Os interessados terão a oportunidade de adquirir essas obras a partir de R$300, ou, se preferirem, contribuir com um valor mais generoso em apoio à causa da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville. Esta é uma maneira única de valorizar a arte local e fazer a diferença por essa importante causa.

 

Informações sobre a Exposição Arte e Esperança - O Valor da Generosidade

O quê: Exposição Arte e Esperança - o valor da generosidade, em prol do Outubro Rosa

Quando: exposição acontece durante o mês de outubro, a partir do dia 2.

Onde: Garten Shopping, espaço Garten Cultura, em frente ao Outback.

Quanto: Exposição gratuita para visitantes. Quem quiser adquirir uma obra e contribuir com a Rede Feminina de Combate ao Câncer de Joinville, o valor de partida é de R$300, podendo ser doado mais, se o potencial comprador assim desejar.